4 de julho de 2010

NO CENTENÁRIO DA NOSSA REPÚBLICA



SOBRE A REPÚBLICA DE PLATÃO

Platão inicia A República mostrando o que a justiça não é. Neste sentido, ele aponta que não é justo dar a cada um o que lhe é devido, não é justo dar ao amigo o que não lhe é adequado e prejudicar inimigos, não é justo, também, salientar, apenas o interesse do mais forte. A partir daí, Sócrates parece começar a apresentar os aspetos que envolvem o problema da justiça. Posterior a isto, então, Sócrates pergunta: “... Bem – continuei eu – mas, uma vez que parece que a justiça e o que é justo não eram nada disto, que outra coisa poderá dizer que são?...”.
Sócrates explica que a justiça é boa, por causa dos efeitos que ela faz surtir na alma…
Seguindo, isto, então, ele demonstra que a justiça é boa e a injustiça é algo ruim. Porém, ela não reside nas condutas individuais, mas nas comunidades, porquanto para se saber o que é a justiça no Estado, tem-se, também, que saber o que é um homem justo e para que se saiba o que é justiça, tem-se que investigar o surgimento do Estado. Segundo Sócrates, ele surge porque o homem não é autossuficiente como indivíduo e:

“... – Ora pois – disse eu – se considerássemos em imaginação a formação da uma cidade, veríamos também a justiça e a injustiça a surgir nela?
- Em breve o veríamos - retorquiu ele.
- Portanto, se assim sucedesse, havia esperança de mais facilmente vermos o que indagamos.
- Muito mais, com certeza.
- Parece-vos então que devemos tentar levar a cabo essa empresa? É que se me afigura que não é trabalho de pequena monta. Vede, pois.
- Já está visto – respondeu Adimanto – E não faças de outro modo.
- Ora – disse eu – uma cidade tem a sua origem, segundo creio, no fato de cada um de nós não ser autossuficiente, mas sim necessitado de muita coisa. Ou pensas que uma cidade se funda por qualquer outra razão? ...”.

Pelo fato do homem não ser autossuficiente, ele precisa manter uma relação de reciprocidade e, no caso do Estado justo, ao ser humano impõe-se a plena responsabilidade pela justiça, onde os homens justos vivem em confiança recíproca e eles são reciprocamente dependentes. Agindo desta forma, não há oposição entre indivíduos e Estado, eles se completam e devem auxílio mútuo, onde tudo gravita em torno da justiça. Por causa da sua tarefa ordenadora, ela é a virtude cardeal. Ela responde pela ordem social e da alma. Desta forma, A justiça como uma virtude cardeal, diz respeito à própria vida da alma.
Nestas circunstâncias, A República é uma teoria racional do Estado. Assim, Platão quer conhecer e formar o Estado perfeito para poder conhecer e formar o homem perfeito.
MM

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