19 de dezembro de 2010

MUDOU O NATAL OU MUDÁMOS NÓS?


Quando eu era miúdo a vida e os tempos eram difíceis. Tenho ideia de que no Natal dava-se mais evidência ao aspeto religioso e às visitas ao “mijo” do menino. As prendas ou ofertas, como lhe queiram chamar, eram quase exclusivamente pelo “Pão por Deus”, aí tínhamos de certeza ofertas dos pais, dos avós, dos tios e dos padrinhos e alguns vizinhos.
A pouco e pouco, aos presépios foi-se adicionando a árvore de natal e a falar-se muito mais no pai natal. Muitos dos presépios desapareceram das casas, ficando a árvore de natal, que com a vinda da eletricidade era e é muito mais decorativa, sim porque é de decoração que se trata infelizmente, foi-se instituindo as ofertas pelo Natal, ato este que levou ao quase total desaparecimento das ofertas pelo “Pão por Deus”.
Depois de feitas estas transferências, nas calmas, foi só subir a parada e pressionar-nos com todos os meios disponíveis na economia de mercado. E, eis-nos neste infernal burburinho em que tudo se impinge, tudo se vende e tudo se quer comprar, no meio duma correria louca para não deixamos nada ao acaso, onde até as empresas que negoceiam com dinheiro nos vem seduzir, o pior é o depois.
Julgo que o que se passou com a economia mundial, (ocidental?) foi exatamente o que se passou com o natal (comercial), salvo as devidas distâncias e ampliada milhões de vezes.
Depois veem dizer-nos que se não compramos o comércio cai, a seguir podem cair as fábricas e vamos todos para o desemprego e lá temos o grande problema da economia.
Já reparam com certeza que os produtos (roupa e outros) que nos impingem pelo Natal, a 2 de janeiro do novo ano, estão com descontos de 30, 40, 50%. Por isso fica-nos a ideia de que pelo Natal, tempo da paz e do amor, andámos a ser explorados, de novo as leis do mercado a funcionar e a lixar-nos, e quando esses tais leis que gerem a economia  falham, apesar de muitas vezes com os seus negócios nos terem lixado em nome do progresso, ainda somos nós que  temos de apertar o cinto.
Urge mudar muita coisa, quer neste arraial de compras em nome do Natal, que nessa tal economia global em que muita gente se encheu e agora pagamos todos. Isto não se resolve acudindo aos famintos um mês por ano. A fome atua 365 dias por ano e 24 horas por dia. É por isso que tem de haver NATAL todo o ano e também na economia. Eu não sei como isso se reformula, e pelos vistos os entendidos também não, Deus tenha compaixão de nós.
Um Bom Natal para todos!
MM

1 comentário:

  1. Tudo quanto de Saúde, Paz e Sabedoria a Vida possa proporcionar.
    Da minha parte a Amizade e a Gratidão pela companhia ao longo de todo este tempo.
    Abraço amigo do,
    tintapermanente

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