9 de janeiro de 2010

A PROPÓSITO DO CARNAVAL E A GRIPE A


Queria aqui deixar algumas considerações sobre o Carnaval da Terceira e para tal necessito de enquadrar o meu pensamento.
Para os que não me conhecem, começaria por dizer-lhes que, muito embora não seja um especialista em teatro, abracei um projecto nessa área à mais 30 anos, talvez por isso, ou não, tenho um respeito enorme pelo Carnaval da Terceira, enquanto manifestação popular, que se tem permitido evoluir ao ponto de, essa própria evolução, em alguns casos ,se traduzir numa qualidade que era impensável.
Poderemos talvez comparar o Carnaval da Terceira a um diamante em bruto que tem tido a capacidade de se auto-lapidar sem a intervenção de terceiros e, quando aparecem vozes que vem do interior desta mesma manifestação, a gritar mais alto do que lhes devia ser permitido, - mas felizmente esta estrutura permite-lhes isso – e ainda bem, e nesses gritos, pasmem, ouvem-se chavões como estes: "O Carnaval na Terceira é tão rico que é preciso disciplinar isto". Disciplinar o que? O carnaval  onde cabe tudo, até a decalcagem na revista à portuguesa, e que tem uma capacidade de lançar borda-fora, muito naturalmente, o que lhe vai ficando desajustado?
Não mexam nisto por favor. Esta é a única manifestação desorganizada, no mundo e arredores, que não tem grandes gabinetes de produção para a colocar de pé e funciona na perfeição. Basta o calendário indicar a Páscoa, tiram-se-lhe umas quantas semanas e, quando menos esperamos, já se ensaiam danças, para tudo estar a postos, debaixo do segredo que convém, no dia que o calendário aprazou.
Sabe-se que a oferta é muita e que a procura é ainda maior, por isso,  naqueles dias, não nos chegamos a ver todos. Mas o Carnaval da Terceira não são só as danças e bailinhos, é todo o movimento que se gera à sua volta e, o estar acomodado num salão à espera que tudo passe por ali, já foi. Agora é diferente, se calhar temos de procurar o que cremos ver, sem a tal escala de serviço que alguns desejam ver implementada, e que, se o for, vai estragar tudo.
Voltando agora ao teatro, por onde comecei, quero aqui lembrar uma máxima que se usa ali  que é: PARA QUE ACONTEÇA TEATRO SÃO NECESSÁRIAS 3 COISAS, UM ACTOR, UMA MENSAGEM PARA TRANSMITIR E PÚBLICO. Esta máxima pode muito bem aplicar-se ao Carnaval da Terceira.
E dei estas voltas todas, para dizer que a preocupação com propagação da GRIPE A deve abranger sempre as duas componentes desta manifestação vulneráveis àquela contaminação, ou seja os componentes das danças e bailinhos e o público. Eu sinceramente tenho alguma dificuldade em apurar qual destas duas componentes humanas estará mais exposta. Aqui os técnicos poderão e devem ter uma palavra que deverá ter em conta a realidade no terreno em detrimento das teorias de gabinete. Esperamos que as pessoas se mentalizem que, há nestas aglomerações este ano, mais um risco a juntar aos já existentes e que poderá ser um risco grave, por isso precisamos ser esclarecidos, responsáveis e especialmente que aqueles que, possam conscientemente ser veículos de contaminação, se portem como se devem comportar.
Por favor, os serviços de saúde não elejam uma elite com direito a vacina para o carnaval. As elites não tem cabimento no Carnaval da Terceira e, apesar do Carnaval na Terceira ser indisciplinado, todos os que vamos participar no carnaval, independentemente do papel que vamos desempenhar, devemos ser sanitàriamente disciplinados, respeitando assim a nossa saúde e em especial a dos outros.
MM

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