O homem deveria ser a medida de tudo. De facto, ele é um
estranho no mundo que criou. Não soube organizar este mundo para ele, porque
não possuía um conhecimento positivo da sua própria natureza. O enorme avanço
das ciências das coisas inanimadas em relação às dos seres vivos é, portanto,
um dos acontecimentos mais trágicos da história da humanidade. O meio
construído pela nossa inteligência e pelas nossas intenções não se ajusta às
nossas dimensões nem à nossa forma. Não nos serve. Sentimo-nos infelizes.
Degeneramos moralmente e mentalmente.
São precisamente os grupos e as nações em que a
civilização industrial atingiu o apogeu que mais enfraquecem. Neles, o retorno
à barbárie é mais rápido. Permanecem sem defesa perante o meio adverso que a
ciência lhes forneceu. Na verdade, a nossa civilização, tal como as que a
antecederam, criou condições em que, por razões que não conhecemos exactamente,
a própria vida se torna impossível. A inquietação e a infelicidade dos
habitantes da nova cidade têm origem nas instituições políticas, económicas e
sociais, mas sobretudo na sua própria degradação. São vítimas do atraso das
ciências da vida em relação às da matéria.
Alexis Carrel, in 'O Homem esse Desconhecido'
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